quinta-feira, 5 de agosto de 2010

A TRANSIÇÃO PARA O FEUDALISMO



Anderson, Perry. Passagens da Antigüidade ao Feudalismo. São Paulo: Brasiliense, 2004.


Cláudia Coelho, Elane Carvalho, Hermas Caiuby



Faremos, a seguir, um resumo do capítulo 1 – Antigüidade Clássica, da primeira parte do livro acima citado, com as opiniões e interpretações do autor a respeito da civilização greco-romana e das transformações econômicas e sociais na Europa Ocidental durante o declínio e a queda do Império Romano.
A distinção existente entre Europa Ocidental e Europa Oriental ficou consolidada na historiografia moderna a partir da época pós-clássica, com o advento do feudalismo, diferenciando as sociedades existentes no continente com a exclusão dos eslavos do Leste, cujas condições econômicas seriam objeto de estudos em separado.
Os antecedentes do modo de produção feudal foram o modo de produção escravo e os modos primitivos dos invasores bárbaros germânicos adaptados às novas regiões por eles conquistadas.
A economia escravagista, criada com maneiras próprias pelo universo greco-romano, foi a importante base para suas tantas ações e idéias avançadas, bem como para o seu colapso final. As cidades-Estado gregas foram que primeiro implantaram uma maneira sistemática de escravidão absoluta, considerando o trabalho uma iniqüidade para o ser humano. No Império Romano, a classe dominante repudiava o trabalho sob qualquer forma, mesmo as funções tipo executivas, delegando a escravos, também, os serviços administrativos.
Beneficiada pelo Mediterrâneo, a civilização clássica foi colonialista, com cidades-Estado nas regiões litorâneas, as quais centralizavam a população rural ao seu redor. Os escravos, adquiridos pelas guerras de conquistas, liberavam do trabalho no campo os cidadãos, que, assim, podiam participar ativamente dos negócios de Estado e do exército em novas batalhas para mais aquisições de escravos.
As cidades-Estado helênicas já existiam anteriormente à época clássica, não sendo deixada disponível nenhuma fonte escrita desse período. Após a destruição da civilização micênica, veio a Idade das Trevas, retratada somente pelos poemas homéricos e foi na época seguinte, da Grécia arcaica, que a evolução urbana começou com seus primeiros passos. Monarquias foram derrubadas e o domínio das aristocracias consolidou-se. A evolução das cidades-Estado para sua forma clássica foi gradativa e em diferentes velocidades conforme a região. Fases intermediárias com tiranos no poder trouxeram avanços na legislação e nos exércitos. Entretanto, a escravidão implantada de maneira extremamente volumosa, onde o número de escravos chegava a ultrapassar o de cidadãos, foi essencial para a grande escalada da civilização clássica grega.
Sem o trabalho escravo, não existiria o ócio dos cidadãos livres em Atenas e Esparta, para os avanços do modo de vida urbano. Foi pelo ócio que subiu a patamares tão altos as artes como o teatro, literatura, escultura e arquitetura, a filosofia com seus diversos ramos do conhecimento, a política, a democracia participativa, o voto, a economia, a retórica, o debate, a administração. O preço de um escravo era muito baixo, possibilitando de possuí-los até aos camponeses e artesãos mais pobres.
No século V a.C. generalizou-se entre as cidades-Estado gregas um padrão político que consistia em um Conselho menor que propunha os assuntos a serem decididos e votados por uma Assembléia maior. As variações na composição de cada um desses órgãos definiam o grau de democracia ou oligarquia da cidade. Os primeiros registros de entidades democráticas na Grécia clássica são da cidade de Quios, no século VI a.C.. Em Atenas, com as reformas de Sólon e uma legislação deixada por Clístenes, acabando com diferenças tribais e ampliando o poder da Assembléia popular, ficou praticamente consolidada a democracia participativa.
No início do século V a.C., após tempos de incessantes conflitos entre as cidades-Estado e depois da vitória contra os persas, a era de Temístocles e Péricles trouxe a possibilidade de unificação da península balcânica com o aumento vertiginoso do poder ateniense. A Liga de Delos, criada para combater os persas, era formada por cerca de 150 cidades que pagavam um tributo ao tesouro central situado em Atenas. Essas cidades eram proibidas de manter frotas, ficando assim dependentes de proteção. O tesouro financiou diversas obras estéticas na cidade, inclusive o Partenon. Na península Ática existiam as mais produtivas minas de prata da Grécia, que chegaram até a financiar a frota ateniense que derrotou os persas na batalha de Salamina e tornou possível a circulação de moedas em um sistema monetário que trouxe um grande desenvolvimento comercial para Atenas. Unindo ainda a isso para a formação desse Império Ateniense, o fato de inexistência, nessa época, de conflitos sociais, com poucas grandes propriedades, diversificadas em pequenos lotes, sem um latifúndio localizado num mesmo lugar.
As cidades da Liga de Delos, sob o domínio de Atenas, foram obrigadas a adotar o sistema democrático de governo, o que causou revolta das oligarquias dominantes. A Liga Espartana reunia cidades numa confederação de oligarquias. Acrescido isso ao temor pelo poder acumulado por Atenas, foi desencadeada a Guerra do Peloponeso, a qual necessitou de ouro dos persas para financiar uma frota espartana. E, finalmente, Lisandro derrubou o Império Ateniense.
Nunca mais as cidades gregas tiveram a oportunidade de uma unificação na península balcânica.
A Macedônia, atrasada, arcaica, é que formou um império, inicialmente com Filipe II dominando totalmente as cidades gregas, com o uso de técnicas militares diferentes. O Império Macedônio, ocupando o espaço entre o Adriático e o Índico, ficou dividido, após a morte prematura de Alexandre, entre seus generais. Construiu um sincretismo assimilando a cultura grega e padrões asiáticos, produzindo, assim, a civilização helênica. As conquistas de Alexandre não eram seguidas de escravização, a qual nunca foi economicamente importante no Oriente Próximo. Rodes, Antióquia e Alexandria formaram um eixo centralizador do comércio.
Esse eixo sofreu um deslocamento geográfico em seu centro de gravidade após a ascensão de Roma.
Com um início monárquico, Roma tornou-se uma República, dominada pelo senado, constituído por uma nobreza hereditária de clãs de patrícios.
Em 366 a.C., plebeus enriquecidos formaram o Tribunato da Plebe, com o objetivo de proteger os pobres. Na polarização social da propriedade da terra, os assentados formavam a infantaria das legiões e morriam aos milhares. Os proletários aglomeravam-se nas cidades, sem propriedade, oferecendo ao Estado somente os filhos, a prole. No interior, vastos domínios dos nobres, enquanto as cidades tinham uma massa proletarizada. A distribuição pública de cereais substituía a distribuição de terras.
A escravidão, em Roma, era o modo de produção organizado. Roma estava atrelada à escravidão sem possibilidades de qualquer outra alternativa que não causasse o risco de dissolução do Império.
A aristocracia senatorial fez fortunas com os saques pelo Mediterrâneo, enquanto os legionários recebiam um vil pagamento e eram sumariamente demitidos. Isso causou um desvio na lealdade militar, do Estado para o general que distribuía benefícios.
O populacho, antes manipulado pelos nobres contra os reformadores agrários, no século II a.C. escapou à tutela senatorial e demonstrou um grande entusiasmo por César em sua entrada triunfal em Roma, para tornar-se ditador.
Após o assassinato de César e a ascensão de seu sobrinho Augusto, a República foi definitivamente sepultada em Roma. Iniciava-se o Império, onde Augusto César foi capaz de reunir a ralé urbana em desespero e os camponeses cansados do domínio de poucos que faziam parte da elite dominante. Lotes de terras eram dados aos soldados desmobilizados e cereais distribuídos à população. “Pão e circo.”
Com Trajano ocorreu o encerramento final das fronteiras imperiais., ocasionando a seca do poço de cativos de guerra que eram a base de sustentação do Império. A renovação de escravos passou a exigir um desembolso pesado demais. Não havia casamentos e o índice de reprodução era baixíssimo devido à maioria de machos. Nem a população rural livre aumentava e a invenção de moinhos pouco ajudou na produção.
A crise no sistema econômico e social, no século III, provocou inflação, guerras civis, invasões estrangeiras e ataques nas fronteiras. Roma teve de sofrer uma reforma em suas fortificações e houve escassez no abastecimento.
Entre o século III e o IV a segurança foi restaurada. O cristianismo passou a ser a religião oficial e uma burocracia clerical juntou-se ao já sinistro aparato secular do Estado. Constantino ampliou bastante o exército, sobrecarregando o Império. Acréscimos militares, políticos e ideológicos suplementares na superestrutura já existente, causaram um retraimento da economia e inverteu o relacionamento centro-periferia. As cidades decaíam por falta de fundos públicos ou investimentos privados, artesãos saíam das cidades, buscando segurança e emprego nas propriedades dos magnatas do campo. Aconteceu a ruralização do Império.
Os proprietários de terras deixaram de se ocupar da manutenção dos escravos, colocando-os em pequenos lotes para cuidarem uns dos outros.Era a servidão dependente do solo, onde as propriedades dividiam-se em explorações nucleares, trabalhadas com o braço escravo ainda, porém, com uma enorme quantidade de camponeses inquilinos ao redor. Os grandes proprietários passaram a patrocinar aldeias de pequenos proprietários e rendeiros livres para proteção contra as arrecadações fiscais e o recrutamento pelo Estado.
“Colonus” foi o nome dado a esse tipo de rendeiro dependente, amarrado à propriedade de seu senhor.
GUERRA MESSIÂNICA E CONFLITOS SOCIAIS:
UMA ANALISE SOBRE O CONTESTADO (1912-1916)



Elane Carvalho
Milena Correia



RESUMO

Este artigo trata do conflito que ocorreu na fronteira entre Paraná e Santa Catarina, uma região contestada pelos dois estados. Ali vivia um grande número de sertanejos sem-terras, que estavam sob a dura exploração dos fazendeiros e de duas empresas norte americanas, a Brazil Railway Company, que por meio de um contrato firmado com o governo federal recebeu terras para a construção de uma ferrovia, e a Southern Brazil Lamber and Colonization, uma empresa de extração de madeira. Com o final da construção da estrada de ferro o desemprego aumentou e cresceram as desavenças. Os sertanejos eram muito religiosos, e ao longo dos anos eles encontraram apoio nos monges que durante anos viviam peregrinando pelo sertão pregando a palavra de Deus e ajudando os mais necessitados. Sob a liderança do monge José Maria os sertanejos revoltados organizaram comunidades com leis próprias ignorando assim a autoridade do governo. Toda essa mobilização não foi vista com bons olhos pelo governo federal, travando-se então uma longa batalha.



Palavras-chave: República Velha; Messianismo; Povo.



A Guerra do Contestado foi resultado de um período da história (1912-1916), em que, semelhante a outros graves momentos de crise, interesses políticos, econômicos e religiosos se entrelaçavam.

Paraná e Santa Catarina não tinham seus limites definidos, isso era motivo para desavenças entre as duas províncias. Com a proclamação da República as disputas se acirraram ainda mais. Em 1900, o governo catarinense insatisfeito com a decisão que o império havia tomado de conceder ao Paraná a administração das terras que ficavam a oeste do rio Peixe, decidiu por entrar com ação judicial no Supremo Tribunal Federal, reivindicando a posse da área. O tribunal, em 1904, decidiu a favor de Santa Catarina. No entanto, o governo paranaense inconformado, embargou a decisão, mas acabou não tendo êxito, aumentando assim o impasse. (THOMÉ, 2004).

Em meio às disputas territoriais, começava a ser construída a estrada de ferro São Paulo – Rio Grande do Sul. A responsável pela obra foi Brazil Railway Company, de propriedade do norte-americano Percival Farquhar. Como forma de pagamento, o governo Federal deu à empresa uma área de trinta quilômetros, rica em madeira. Isso acabou por trazer sérios problemas à população que ali vivia. Sendo terras devolutas e não tendo título de propriedade, os sertanejos não puderam continuar no solo. Desolados sem terem para onde ir, muitos insistiam em ficar, o que acabou por provocar a ira da Brazil Railway. Como afirma Nilson César Fraga:

Aos posseiros que ousavam se opor as medidas de despejo, a Brazil Railway enviava elementos de seu corpo de segurança, que contava com 200 homens armados .

Essa citação nos ajuda a pensar que a empresa não mediu esforços para expulsar os sertanejos das terras. Não lhes restaram outra opção senão ir à procura de um novo lugar em busca da sua sobrevivência.

Com tantas terras em mãos, e sendo estas ricas em araucárias, madeira de grande valor comercial, a companhia viu logo a possibilidade de lucrar. Assim criou a Southern Brazil Lumber and Colonization, uma madeireira responsável pela comercialização da madeira. A Lumber logo que foi fundada comprou uma enorme porção de terras como ressalta Nilson Thomé:

[...] De paranaenses, a empresa adquiriu milhares de hectares de terras, cobertas pela floresta de araucária, utilizando métodos fraudulentos, pois parte dos títulos expedidos pelo Paraná continha registros em duplicata em Santa Catarina: ambos transferiram imóveis como terrenos devolutos a fazendeiros e políticos de cada estado .

Toda essa situação acabava por acirrar ainda mais os ânimos. Não só do povo, mas também de pequenos grupos de fazendeiros que trabalhavam com a madeira e que passaram a ser prejudicados pela Lumber, isso só fez agravar o conflito entre os dois estados.

Vivendo em constantes dificuldades os sertanejos buscavam conforto espiritual nos monges que desde o século XIX andavam peregrinando pela região fazendo trabalhos sociais. Para aquele povo, os monges eram profetas, santos, messias enviados por Jesus Cristo para guiá-los em direção à salvação.

O primeiro monge a se destacar nas terras do Contestado foi João Maria de Agostini. Viveu ali por volta de 1850, era um homem simples que dava conselhos, rezava e curava doenças. Seus modos não agradavam o governo do Rio Grande do Sul que tinha medo que os caboclos, junto com o monge, formassem uma comunidade de fanáticos. Foi perseguido e preso e logo depois não foi mais visto. (FRAGA, 2006).

Passados anos de seu desaparecimento surgiu outro religioso que foi confundido com João Maria por ter o mesmo nome. É claro que não se tratava do mesmo, mas a crença daquele povo não deixava dúvidas, era o mesmo monge.

Mais moço, homem de ação, teve importante presença no final do século XIX, durante a Revolução Federalista. Da mesma forma que seu antecessor era visto como um homem santo. Desapareceu misteriosamente. Sem saber ao certo o que aconteceu, o povo acreditava que logo voltaria. (FRAGA, 2006).

José Maria, o mais famoso e conhecido monge aparece em 1911. Pouco se sabia sobre a sua vida e mesmo descobrindo que seu verdadeiro nome era Miguel Lucena Boaventura, os caboclos, continuaram seguindo-o, pois para eles, José Maria era o irmão de João Maria e viera para continuar a caminhada. Os sertanejos que até então viviam dispersos agora passam a viver juntos com ele.

Com fama de milagreiro recebe a proteção do coronel Francisco Almeida, como recompensa por ter curado sua esposa. Vivendo em terras do coronel e tido como homem santo, desperta desconfiança de lideres políticos. Além de profetizar ele era contra a República e sempre estava falando dos males que ela podia causar.

Por conta dos festejos do Bom Jesus, José Maria e seus seguidores foram para o arraial de Taquaruçu, onde fundaram a comunidade do Quadro Santo e proclamaram a monarquia celeste organizando um grupo de homens denominado de “Os pares de França”, que faziam a segurança da comunidade e do monge. Essa atitude incomodou ainda mais os políticos. Para eles os caboclos queriam restaurar a monarquia.

O então prefeito de Curitibanos, Francisco de Albuquerque, com medo de uma possível conspiração, enviou um telegrama para o governo do Estado, onde acusava José Maria de pregar contra o novo regime e de ser um líder messiânico.

A chegada da força policial dispersa o grupo. José Maria e alguns caboclos se refugiaram na Vila do Irani, o que provoca enorme confusão, pois aquela era uma área comandada pelos paranaenses. Essa atitude foi vista como uma invasão de catarinenses, que não poderia ficar impune, aumentando assim as disputas políticas na região.

No combate do Banhado Grande, apesar das tropas terem sido derrotadas pelos sertanejos, José Maria juntamente com alguns de seus seguidores foram mortos. Nessa batalha também faleceu o comandante Gualberto. A morte do religioso não foi motivo para tristeza, porque dias antes de “partir”, ele profetizou sua morte a seus seguidores, prometendo a eles sua volta. (THOMÉ, 2004).

Dispersos tomando rumos diferentes, o governo agora respirava aliviado, “não tem mais com o que se preocupar”. Mas na memória dos caboclos ainda estava presente a figura do monge e acreditavam no cumprimento da sua profecia.

A partir do segundo semestre de 1913, Teodora, neta do fazendeiro Euzébio Ferreira Santos, passa ter visões em que o monge lhe aparece. Isso foi o suficiente para atrair os devotos à região revigorando assim o messianismo com a esperança de ressurreição do monge.

A família do fazendeiro junto com os romeiros peregrinou em direção a Taquaruçu formando uma nova cidade santa, no qual organizaram o exercito encantado de São Sebastião.


Os caboclos sabiam bem o que queriam, organizados em comunidade, não aceitavam o novo regime, e estavam dispostos a lutar pela terra e contra o poderio dos coronéis e das multinacionais.

Os ânimos ferveram em Curitibanos. Toda essa movimentação deixou em pânico os políticos catarinenses, que pedem ajuda ao governo federal.

A partir daí o movimento se transformou numa cruel e sangrenta guerra civil. Para acabar com os fanáticos o Governo Federal não mediu esforços. Foram mobilizados cerca de 8 mil homens, com a missão de destruir a organização comunitária de 20 mil sertanejos expulsando-os das terras que ocupavam.

Em dezembro de 1913, Exército e polícia estadual marcharam em direção a Taquaruçu. Não tiveram êxito, os caboclos já estavam no mato a espera das tropas.

Para eles essa vitória significou a glória. Acreditando ter ajuda do Exército Encantado de São Sebastião, não temiam nada. A confiança era tanta que não se importavam com armas e munições que os inimigos deixavam para trás e acabaram queimando-as porque as consideravam “impuras”. (ANJELO, 2000).

No ano seguinte, na vila de Curitibanos, houve mais uma tentativa de acabar com os camponeses, sem bons resultados. Nesse período foi executado o líder comunitário Praxedes Gomes Damasceno. Para Thomé, o incidente ocorreu quando Damasceno tentava reaver uma tropa de mulas que fora confiscada pelos militares. Ainda para o autor, “Isso acirrou os ânimos na ‘cidade santa’, a ponto de expulsarem frei Rogério Neuhaus, que havia tentado dissuadir os ajuntamentos. ” (THOMÉ, 2004, p.80).

Isso nos faz refletir que, igualmente ao governo, a igreja católica além de sua ausência quase que total naquela área, se manifestava contra o messianismo que envolvia o movimento, defendendo a intervenção no território.

Por conta das agitações mais homens foram mobilizados para tentarem contê-los. Essa operação não foi bem sucedida, pois a maioria dos caboclos já haviam se retirado rumo a Caraguatá na noite de 8 de fevereiro de 1914, quando começou o bombardeio. Os que ficaram foram todos mortos.

Os combatentes organizaram-se novamente e passaram a ter uma atitude mais ofensiva. Elegeram a jovem Maria Rosa de 13 anos para ser a líder do Exército Encantado. Ela dizia receber ordens de José Maria, o que foi o suficiente para conquistar a confiança de todos.

Sabendo do novo reajuntamento os militares comandados pelo tenente coronel Capitulino Gomes Gameiro, atacaram Caraguatá no dia 9 de março de 1914. Mais uma vez os sertanejos não se deixaram abater. Além de serem conhecedores da região, o que fez com que tivessem uma boa vantagem sobre o inimigo, outro fator que contribuiu para essa e outras vitórias foram as táticas de guerra utilizadas para surpreenderem os inimigos. Eram usados homens chamados “bombeiros” que se disfarçavam de mendigos para entrarem no acampamento das tropas e poderem espioná-los, passando informações aos chefes dos redutos. Para amedrontar ainda mais os soldados eles costumavam pendurar a até esquartejar os cadáveres de soldados mortos. (THOMÉ, 2004). O impacto dessas práticas sobre as tropas foi de repulsa, e esses tinham os inimigos como “bárbaros”, principalmente pelo fato de que sendo cristãos acreditavam que através do enterro poderiam alcançar o descanso eterno. Diante dos corpos destroçados entravam em desespero, pois se viessem a falecer na batalha não poderiam ter um sepultamento digno. Um observador mais atento verá que não se tratava apenas em assombrar os soldados mas também o valor que a terra significava para os caboclos. Basta lembrar que eles chamavam os redutos de “cidade santa” e se a cidade é santa o território também é santo, assim os inimigos não poderiam repousar no território do “Exército Encantado” e ter o mesmo destino.

Diante de mais uma derrota, o governo Federal enviou mais homens, e nomeou o general Carlos Frederico de Mesquita como novo comandante.

A líder Maria Rosa ao perceber toda aquela movimentação, além de ser alertada por pessoas da própria comunidade, com receio de um novo ataque, não perdeu tempo e ordenou a retirada do povo para redutos menores nos quais se reorganizaram. Como enfatiza Nilson Thomé:

[...] Organizou-se o Exército Encantado, inicialmente com 3 mil homens e 2 mil mulheres, com o conselho de comandantes, formado pelos lideres dos piquetes – de – briga e chefes - de - redutos [...].

Nos dias 13 a 29 de maio de 1914 foram bombardeados Caraguatá e Santo Antônio. De nada adiantou, o que se encontrou foi uma área vazia, aumentando assim a frustração dos soldados.

Nos meses seguintes foram feitas patrulhas por toda área na tentativa de convencer os caboclos a se entregarem. Nesse mesmo período começaram a invadir fazendas, roubando-lhes gados e alimentos. A Lumber também foi alvo, sendo incendiado em 5 de setembro um de seus depósitos. (FRAGA, 2004). No dia seguinte atacaram o trem que havia chegado de São João trazendo militares e o capitão Matos Costa, que acabou sendo morto no confronto.

As populações das cidades circunvizinhas estavam apavoradas. Políticos dos dois Estados apelaram para o Ministério da Guerra que nomeou o general Setembrino de Carvalho para comandar a operação.

O general chegou a Curitiba no dia 12 de setembro e logo tratou de organizar o quartel-general. Como narra Nilson Thomé:

[...] Chamou seis regimentos de infantaria, dez batalhões de caçadores, três batalhões de infantaria, quatro regimentos de cavalaria, duas companhias de metralhadoras, um grupo de artilharia de montanha e um batalhão de engenharia, além de pelotões de trem, seções de ambulância e hospitais de sangue.

Pela quantidade de homens mobilizados, fica evidente que o Exército, ávido por acabar definitivamente com a guerra, não mediu esforços para usar todo seu poderio militar contra os resistentes, inclusive o uso da aviação que acabou não tendo sucesso porque o avião que ia ser usado na batalha caiu antes de chegar ao destino. Todo esse aparelhamento bélico foi utilizado contra os sertanejos que usavam apenas armas como: facão, revólveres, mosquetões e espingardas velhas.


A tática militar do general foi cercar os redutos de modo que os revoltosos não pudessem sair. Os combates passaram a ser diários e o cerco foi se apertando, resultando na falta de alimentos, munições e remédios. Para Thomé “A fome fez com que cavalos, cachorros, cintas, cangalhas, arreios e chapéus de couro cru servissem de alimento”. (THOMÉ, 2004, p.82).

Uma epidemia de tifo em dezembro de 1914, só fez agravar os problemas. Os últimos sobreviventes de Caraguatá desesperados começaram a desertar. Confiantes na promessa de anistia e poder adquirir titulo de propriedade, saíam dos redutos para juntar-se ao Exército. Preocupado com essa atitude, o líder Adeodato Manuel Ramos, passou a ameaçar de morte os companheiros. (ANGELO, 2000).

Mesmo com todo o seu arsenal as forças continuavam a sofrer numerosas baixas. Concentrados em Santa Maria e cada vez mais cercados, os sertanejos resistiram bravamente às investidas do capitão Tertuliano Potyguara no dia 3 de abril de 1915. Logo depois, o mesmo capitão, com ajuda de “vaqueanos”, conseguiu tomar o reduto do Timbó e do Caçador.

A expedição do general Setembrino, foi encerrada no dia 5 de abril, período em que morreram Maria Rosa, vários lideres e centenas de combatentes. Para mostrar todo seu poder as tropas não exitaram em queimar milhares de casebres. (FRAGA, 2006). Os que resistiram ao massacre se refugiaram em pequenos redutos.

Essa foi à fase mais cruel da guerra. Policiais juntamente com “vaqueanos”, para acabar de vez com os novos ajuntamentos, iniciaram a “operação varredura” no intuito de exterminar os sobreviventes. Fragilizados e com cada vez mais baixas, eram capturados e mortos. Muitas dessas execuções aconteciam de forma coletiva, e em seguida os cadáveres eram queimados.

No inicio de 1916 foi preso Deodato Manuel Ramos, último líder do Contestado. Vencidos pela fome e doenças e sem liderança os poucos que restaram renderam-se aos militares. Com o fim do conflito o que se viu foi um cenário desolador entre milhares de mortos, feridos e desertores.

Meses depois foi assinado no Rio de Janeiro o “Acordo limites”, pelos dois governadores, no qual foi dividido o território litigioso, pondo fim à disputa territorial.

A guerra do Contestado é um momento da História do Brasil, que como muitos outros, não foram descritos pela historiografia com clareza dos fatos, nem houve preocupação em privilegiar a fidelidade dos acontecimentos. Interesses individuais e especulações capitalistas direcionavam as ações do governo e do próprio Exército.

Com o desejo de colocar em prática o lema do novo regime “ordem e progresso”, o governo chegou ao extremo. Ao expulsar o povo de suas terras e entregá-las às empresas, o novo regime optou por ferrovias, madeireira, capital estrangeiro, estradas, portos e outros símbolos que representavam um modelo que ostentasse modernidade, como europeu.

A política pública capitalista implantada naquela região não incluía os camponeses. Ao retirar a terra dessa gente, negou-lhes direitos básicos, pois era dali que provinha a moradia, o trabalho o alimento, subsídios necessários para a sobrevivência humana.

A terra ainda é motivo de ocupações segundo o MST. Movimentos sem-terra estão por toda parte organizando invasões. A natureza política dos movimentos não pode ser homogeneizada. Cada qual possui uma ideologia individual, mas, em comum, buscam a terra.

Quanto ao Governo Federal por sua vez, ainda não conseguiu elaborar uma política pública ampla capaz de devolver a terra aos camponeses e a oferecer os meios para que os mesmos criem raízes e consigam se estruturar socialmente e economicamente.

O retorno à terra deve ser planejado, alvo de um estudo sistematizado e requere a intervenção direta do Estado oferecendo instrução, educação, saúde, lazer, recursos financeiros e inserção dos assentamentos no mercado global.















Referências

ANGELO, Cláudio. A guerra que o Brasil esqueceu. In: Super Interessante, São Paulo, ed. 152, maio 2000, p.44 - 50. Disponível em . Acesso em: 12 de jun. 2009 ás 14h

FRAGA, Nilson César. Mudanças e Permanências na rede ferroviária do contestado: uma abordagem acerca da Formação Territorial do Sul do Brasil. 2006. Tese (Doutorado em meio ambiente e Desenvolvimento), UFPR, Paraná. . Acesso em: 17 de Jun. 2009 ás 13h 45 min. p.64 - 91

THOMÉ, Nilson. Contestado, Guerra cabocla. In: História Viva. São Paulo, ano I, nº.12, p. 76 - 82, out. 2004.

domingo, 18 de julho de 2010

Resenha
Pro dia nascer feliz



Elane Carvalho



JARDIM, João. Pro dia nascer feliz documentário produção TANBELINI Filme, São Paulo, ano 2006.


João Jardim nasceu em 1964, no Rio de Janeiro. Formou-se em Jornalismo pela Faculdade da Cidade e estudou Cinema na Universidade de Nova Iorque. Seu primeiro longa-metragem foi Janela da alma (2002) ele atingiu o quarto maior público para um documentário desde a década de 90, ganhou prêmio do público e do júri na mostra Internacional de cinema de São Paulo. Em 2005 apresentou o longa Pro dia nascer feliz que ganhou o prêmio especial do júri no 10° Cine-PE e foi selecionado pro festival de Gramado 2006.
O documentário Pro dia nascer feliz faz uma análise de diferentes instituições escolares, localizadas em espaços territoriais com realidades sócio-cultural distintas. São alunos de Pernambuco que convivem em uma escola mal estruturada, falta transporte para os que moram na zona rural, professores despreparados e o descaso dos mesmos. Na periferia do Rio de Janeiro, professores desmotivados falam da falta de compromisso dos alunos que muita das vezes estão envolvidos com o tráfico. Nesse espaço pode-se observar que o método de ensino utilizado por alguns docentes, não favorece o aprendizado do discente, falta interdisciplinaridade e a mediação se dá de forma equivocada. Também foram ouvidos alunos e professores de uma periferia de São Paulo que apesar de todos os problemas essa escola está conseguindo superar suas dificuldades e serve de modelo para a comunidade. Assim como nas outras escolas alunos e professores enfatizam sobre as dificuldades enfrentadas dentro do meio educacional revelando suas angustias e projetos para uma melhoria da educação.
Há ainda uma outra realidade que é um colégio nobre de São Paulo, assim como os outros seus alunos se deparam com conflitos internos, e em muitos dos casos são tratados com desprezo pela família e pela própria instituição de ensino, os professores ainda insistem em ignorar as condições sócio-econômica e cultural dos discentes permanecendo com a mesma postura de décadas atrás.
O vídeo aponta a evasão, a desmotivação dos professores como problemas que precisam ser superados por ações planejadas e competência técnico científica. O rigor científico e o exercício de princípios democráticos podem tornar a escola um espaço de superação, de conquista e interação.
Pelas informações nele contidas, esse documentário serve de alerta para que professores possam refletir sobre sua pratica pedagógica e para que as autoridades do país vejam quão grande é o descaso com a educação. A precariedade é tamanha ao ponto de algumas localidades não existirem livros e muito menos qualquer tipo de equipamento de apoio. Até giz canetas pilotos e água faltam.

quarta-feira, 30 de junho de 2010

CARDOSO, Ciro Flamarion S. Uma Introdução à História. Brasiliense, São Paulo, 1992.




O livro Uma introdução à História de Ciro Flamarion S. Cardoso traz vários questionamentos acerca do que é Historia, do papel do historiador, dos problemas enfrentados por esse na construção de um projeto de pesquisa, e também os itens que são necessários para que o mesma possa se tornar uma pesquisa histórica.
Cardoso mostra que vários pensadores negam a cientificidade da Historia. O neopositivismo não á aceita como uma ciência, pois afirmam que o fato da História humana são acontecimentos únicos e por isso não podem ser verificados, para eles só é ciência o que se pode provar como é o caso da matemática. Jaegle e Roubaud, especialistas das ciências maturais enfatizam que a Historia não pode ser reversível e por isso ela é inimitável ao contrário do ocorre com as ciências naturais. O autor também mostra que o problema da cientificidade da História discutido por historiadores como é o caso de Paul Veyne ocorre porque ela tem um grande número de acontecimentos, por essa razão só seria possível fornecer explicação científica de alguns fatos, sendo assim ela não seria totalmente científica.
Ciência não se limita apenas ao conhecimento das leis da natureza, é também ciência os acontecimentos das sociedades. Na ciência não existe verdades absolutas o que ocorre é que a cada avanço se acumula conhecimento o que poderá ficar mais próximo da verdade.
Vários são os siguinificados da palavra, ela pode ser usada para designar uma disciplina e dentro dela existem subdisciplinas, cada uma com siguinificado diferente, por exemplo: História do Brasil e História das sociedades pré colombianas, e história com inicial minúscula que quer dizer a história dos homens e das diversas sociedades. Além disso pode ser encarada como uma ciência, enfim o termo história está inserido em diferentes contextos.
A partir das idéias do humanismo no século XVI, começou a surgir exigências mais cientificas em relação a pratica e definição da História. Nesse período houve a preocupação de fazer a verificação de textos históricos para só depois aceitá-los como documentos.
No século XVII essa preocupação aumentou ainda mais. Com toda discurssão em torno da reforma e contra-reforma e acusações dos protestantes contra os católicos, dentro do catolicismo criou-se uma corrente crítica que negou a autenticidade de documentos da Idade Média. Isso acabou não sendo visto com bons olhos por outras ordens religiosas. Em 1681 Dom Malibon publicou uma obra que dizia se possível provar a veracidade de documentos através de indícios materiais, esse foi um importante passo para o trabalho dos historiadores.
O século XVIII foi importante porque teve bastantes avanços no campo das teorias e das concepções de História.
No século XIX, desenvolveu-se a arqueologia e foram publicados documentos da História Antiga e Medieval, surgiu escolas históricas nacionais e européias. Nesse século também houve o predomínio da pesquisa erudita e a elaboração de monografias, todos esses acontecimentos estavam ligados ao positivismo e o historicismo. Os historiadores positivistas seguindo a linha de pensamento de Auguste Conte acreditavam na História como ela sendo uma ciência, já os historicistas à via de forma subjetiva que não se compara com as ciências biológicas e a exatidão de suas leis.
No século XX, a construção da História como ciência foi influênciada pelo marxismo e o grupo dos Annales, ambos tem pontos em comum em suas concepções, pó exemplo: respeitam as especificidades históricas de cada época e sociedade, o uso de hipóteses e uma preocupação de fazer com que a Historia seja vista como uma ciência.
Para o autor a História ainda é uma ciência em construção, pois os historiadores ainda estão fazendo descobertas aos meios de análise adequada.
Os historiadores do final do século XIX e inicio do XX baseavam o conhecimento histórico na observação indireta dos fatos que eram feitos através de fontes conservadas. Para esses historiadores tradicionais as fontes escritas além de seres extremamente necessária, elas eram a única forma que se tinha para analisar os diversos acontecimentos, assim despresavam outros tipos de fontes. Ainda para esses historiadores era importante obter informações antes de começar o processo de pesquisa. A heurística é uma dessas idéias, essa prática serve para localizar reunir e classificar as fontes históricas. Esse trabalho é feito por bibliotecários e arquivistas, em alguns casos é feito por historiadores. No século XX a heurística passou a dispor de outros tipos de fontes, como é o caso de computadores microfilmes, microfichas filmes e xérox. Também era importante o domínio de algumas disciplinas auxiliares da História, por exemplo; diplomática genealogia, mumismática, cronologia e outras.
Com o passar dos anos essas disciplinas auxiliares passou por avanços tecnológicos, aumentando também o numero delas; a informática estatística, arqueologia passando a auxiliar os historiadores da modernidade.
A crítica externa dos testemunhos é a etapa do método tradicional conhecida como crítica de erudição que se apóia nas disciplinas auxiliares, sua função é avaliar os documentos para dizer se ele é falso ou verdadeiro, e isto é feito de maneira comparativa com a documentação da época avaliada. Ainda existe o problema do historiador se deparar com documentos que não tem identificação e não se sabe se são autênticos ou não, mesmo com os avanços na forma de trabalhar comas fontes a crítica externa é fundamental para que o profissional possa fazer o seu trabalho.
A crítica de restituição é uma avaliação do documento, no qual ele é restaurado para que volte ao seu estado original em perfeitas condições, isso é feito de maneira para que possíveis erros de cópias possam ser corrigidos. Esses erros geralmente estão na forma de escrita dessas cópias. A crítica de restituição é feita pela comparação de cópias de um mesmo documento.
Outra etapa do método tradicional é a crítica de procedência, sua função é determinar a origem, data e lugar de documentos que não se tem referências de onde e por quem foram feitos.
A crítica interna dos testemunhos ou a crítica de veracidade, ao contrário da crítica externa, serve para analisar se o conteúdo do documento é verdadeiro ou não. No primeiro momento é feita a interpretação, e o historiador tem que aprender o conteúdo do texto, sendo que para isso é preciso que ele conheça a língua que o documento foi redigido, além dos aspectos culturais. Depois é feita a crítica de sinceridade, nela é verificado as afirmações do autor e em seguida a crítica de exatidão, no qual observa o grau de conhecimento que o autor detinha, ambas tem como característica a “desconfiança sistemática”, nada pode ser dada como verdadeiro se não foi totalmente examinado.
O historiador ainda usa a crítica interna, porém, com uma visão diferenciada dos historiadores tradicionais, tal visão era baseada nas idéias do humanismo racionalista. Esses novos historiadores buscam analisar não só os seus conteúdos, mas também a condição sócio-históricas que o fato foi feito.
Os historiadores tradicionais na eram muito otimistas quando se tratava da síntese histórica e da interpretação dos fatos localizados, par eles os fatos históricos além de aparecerem misturados nos documentos te natureza variada, isso dificulta o trabalho do historiador, pois a sua localização é fundamental pra que eles não se percam no tempo. Diante desses problemas os historiadores faziam as operações sintéticas relacionando os fatos passados com os atuais.
Os passos do método científico esta divididos em cinco etapas: colocação do problema, no qual é preciso reconhecer os elementos importantes para estudo, isso é feito através da avaliação e classificação dos fatos disponíveis, em seguida faz o descobrimemto do problema. Na construção de um modelo teórico, depois de identificado o problema passa a identificar os fatores pertinentes, em seguida cria-se as hipóteses, onde é colocada as possíveis respostas, depois se da a dedução das consequências particulares, depois da avaliação das hipóteses é a hora de fazer a prova destas e por fim proceder a introdução das conclusões obtidas na teoria, o pesquisador fará a comprovação das provas com as consequências que tinha deduzido das suas hipóteses.
O desenvolvimento da quantificação sistemática começou a partir de 1930. A utilização desse método faz com que os historiadores percebam que igual a outros cientistas eles podem selecionar recortar o seu objeto pesquisado e fazer uso dela de maneira adequada aumentando a objetividade do trabalho histórico.
O método comparativo é a construção de modelos e é um dos instrumentos metodológicos desenvolvidos no século XX. O primeiro os historiadores costuma aplica-los de forma cautelosa, ele só é usado em casos onde há semelhança, mais isso não quer dizer que ele não venha ser usado em outras condições. O segundo tem três tipos específicos, muito usados na pesquisa histórica, os isomórficos, arbitrários e os modelos alternativos que é muito usado pela Nova História Econômica norte-americana.
Na explicação histórica e suas modalidades são usadas várias dessas explicações pelos historiadores baseados nas idéias de J. Topolski. Explicação mediante uma descrição, que deve responder as questões como: quê, quem, quando. Isso é fundamental para que se possa fazer uma narração clara. Explicação genética, explicação estrutural ou funcional são as que indicam o lugar dos acontecimentos pra que esses possam ser compreendidos. Explicação mediante uma definição, responde as perguntas do tema proposto explicação causal responde grande parte das perguntas.
Outro teórico, Robert Berkhofer Jr, mostra outras concepções de explicação. A explicação causal, por exemplo, apresenta vários tipos, as monocausais e as multicausais.
Ciro Flamariom mostra os itens que são importantes para a elaboração de um projeto de pesquisa, são eles: identificação do problema a pesquisar, formulação e delimitação do tema de pesquisa, essa parte deve ter o tema formulado e saber quais os pontos q eu vão ser abordados ao longo do estudo e pó fim a justificativa.
Existem quatro critérios que servem para justificar o tema escolhido na hora da pesquisa em História são eles: o critério de relevância, ele tem dois aspectos , o da relevância social, nele o pesquisador deve direcionar sua pesquisa ao momento social que ele vive e o de relevância científica no qual o pesquisador deve esta atento as evoluções da ciência histórica. O critério de viabilidade que além de ter de ser interessante é preciso que o tema escolhido seja possível de se pesquisar, isso inclui fazer uso de materiais próximo ao pesquisador. Além disso, o pesquisador deve dispor de recursos financeiros e tempo para realizar seu trabalho em todas as etapas. Nesse ponto o autor faz uma crítica a pesquisadores brasileiros que escolhem temas que vão além de suas capacidades no momento e isso acaba por trazer “distorções” as pesquisas. No critério de originalidade o tema deve ser original pois assim ele irá contribuir no preenchimento de lacuna ou ir para outros caminhos, desde que pesquise em fontes ainda não estudadas ou ainda rebatendo teses já definida. Por ultimo, vem o interesse pessoal, é importante que o pesquisador trabalhe com o que lhe interessa. O projeto de pesquisa deve ter seu objetivo claro para que o mesmo possa lido e interpretado por diversas pessoas sem precisarem serem especialistas no assunto, também tem que partir de uma base teórica sólida, pois as escolhas das hipóteses depende das escolhas de teorias sendo assim é importante que o pesquisador de forma clara ligue essas teorias ao tema e as hipóteses, elas devem aparecer com clareza, ao contrário da a entender que o pesquisador não soube lhe dá com a teoria usada.
Tratando de fontes o autor enfatiza que o primordial que se tenha sua tipologia, para isso tem que fazer uma análise da documentação, ver os pontos a favor e contra. Já a metodologia vai depender do tema e o que vai extrair dele. Também é importante os dados bibliográficos, todas as fontes usadas na pesquisa deve ser devidamente registrada.
A escolha do tema é feita pelo pesquisador vizando preencher lacunas ou aprofundar mais os estudos sobre o tema. A partir do momento que se escolhe o tema o pesquisador terá que fazer mais leituras sobre o tema e também sobre os assuntos ligados a ele, consultar especialistas se tiver oportunidade e também poderá analisar outros projetos que contem o mesmo assunto, só assim ele terá a formulação de um tema preciso. É fundamental que o tema seja delimitado, seja ele no espaço, tempo com um recorte temporal preciso e quadro institucional.
A construção do modelo teórico é outro passo importante que deve ser tomado, neles serões colocados às hipóteses de trabalho. Ciro Flamarion vê na colocação dessas hipóteses um grande problema para os pesquisadores brasileiros, para o autor um dos motivos disso acontecer é porque muitos não tem domínio das teorias que pretendem seguir, e domina-las é fundamental pois delas dependem as formulações de hipóteses. Depois de formulada as hipóteses o pesquisador passará a coletar os dados que logo em seguida serão avaliados e interpretados. Todos os tipos de documentação são validos desde que os fatos contidos neles sejam verificados até mesmo uma fotografia servira de fonte para um pesquisador.
São usados dois tipos de fontes históricas, a primeira é as fontes primarias que são documentos manuscritos ou impressos. E a segunda além de fontes escritas tem também as não escritas, por exemplo, a arqueologia e icnográficas.
A coleta de dados requer tempo e cuidado. O historiador nessa fase se preocupar em localizar os acervos documentais de maneira que evite a dispersão e a perda de tempo, para isso é importante que o tema já esteja delimitado e não se apropriar de um numero muito grande de documento.
Feita as coletas é hora de fazer o controle dos materiais selecionados para que eles não se percam, o autor nos mostra duas soluções, primeiro classifica-los e elaborar folhas e fichas de coleta. Depois desse processo é importante que cada documento de arquivo, fonte primaria e outros, tenham uma ficha documental ou bibliográfica de identificação contendo todos os dados que são necessários, pois caso queira fazer uma nova consulta isso facilitará o trabalho do pesquisador.
A crítica e elaboração dos dados é a etapa aonde vai se dá a prova das hipóteses, desde que os dado já tenha sido avaliados e interpretados. Em seguida ocorre a síntese histórica uma das etapas finais do processo de pesquisa, no qual se tem uma visão total do problema levantado. E por ultimo a redação que é o resultado da pesquisa, o autor mostra que nessa etapa o maior problema está na elaboração do plano de redação que deve ocorrer de forma equilibrada em ambos os aspectos.
O texto da pesquisa deverá ter introdução que entre outras coisas enuncia as hipóteses, métodos e escolhas de fontes. A conclusão faz um diagnostico do processo de pesquisa e deve ser feita com relação aos objetivos estabelecidos do processo.
Se tratando de pesquisa histórica não basta só afirmar é preciso provar, para isso faz o uso do aparelho de erudição que dispõe de vários componentes, sendo que os mais importantes são as notas de rodapé , que são classificadas em notas de referências, serve para verificar as afirmações do texto; notas de referências cruzadas, elas proporcionam ao leitor conhecer outras obras; notas de complementação deve vim junto ao texto de forma curta para que na interrompa a compreensão do mesmo.
Os anexos e peças justificativas são importantes, pois evitam longas citações, como é o caso da história onde muitos dos seus textos contém gravuras, elas podem aparecer no final de cada capitulo.
Na ultima parte do livro o autor, levanta a questão para que serve historia? Ele enfatiza que tudo vai depender de qual História se fala, já que como vimos na primeira parte do livro História é um termo que tem vários siguinificados e nos quais muitos teóricos divergem quando se trata de apontá-la como uma ciência. Além disso, desqualificam o trabalho do historiador por pura ignorância. Ainda para o autor o que diferencia o historiador dos outros cientistas sociais é que ele se preocupa com o tempo e as transformações das sociedades.Para Ciro Flamariom, o Historiador brasileiro tem que colocar suas pesquisas a disposição da sociedade de maneira que isso contribua pra as soluções de problemas existentes no país.

segunda-feira, 21 de junho de 2010

A mulher de elite do século XIX[1]




Elane Carvalho
Janaína Rios
[2]





A mulher do século XXI é conhecida por sua independência, a qual demorou milhares de anos para ser alcançada. Foram inúmeras lutas e protestos. Durante muito tempo esteve submissa ao marido e aos padrões da sociedade. Vivendo assim, numa cadeia circunstancial, não podendo ter o prazer de desfrutar a sua própria vida.
Muitos são os autores, que escrevem e debatem á respeito do processo de independência feminina no decorrer dos séculos. Contudo, autoras como Joana Maria Pedro, Mary Del Priore, entre outros, deixam claro que a conquista de espaço não foi algo meramente espontâneo. As mulheres não permaneceram omissas ou passivas diante da sociedade preconceituosa.
No cenário do século XIX, uma sociedade sistemática apoiada em pilares preconceituosos. Nesse contexto nas entrelinhas da história é possível traçar o perfil da mulher brasileira, suas aparições, revoltas, sentimentos, se silencio, suas lagrimas.
De acordo com Maria Ângelo D`Incao, havia um referencial para família burguesa:

“um sólido ambiente familiar, o lar acolhedor, filhos educados e esposa dedicada ao marido, ás crianças e desobrigada de qualquer trabalho produtivo, um tesouro social imprescindível”.
[3]

Neste modelo pode-se observar, o retrato da família “perfeita”, colocando a mulher como responsável pelo lar, educação dos filhos e inteiramente dedicada ao marido ainda para DÌncao, as mudanças ocorridas no campo social do século XIX, dando inicio a vida urbana, possibilitou a presença da figura feminina no meio social, permanecendo porém, sob avaliação e opinião dos outros.Essa mulher elitizada, agora começa a freqüentar lugares como teatros, bailes, cafés , entre outros acontecimentos da comunidade.
A mulher tinha o dever de zelar pela imagem familiar, mas principalmente do pai ou esposo.
Foi nesse período que se passou a valorizar a maternidade. Durante muito tempo a criação dos filhos, desde a amamentação e a educação dos primeiros anos de vida era feita pela ama de leite. A partir do século XIX, a presença da mãe tornou-se indispensável sendo dela a responsabilidade de instruir os filhos dentro dos parâmetros da sociedade.
A maior parte dos casamentos eram acordos políticos-economicos entre famílias ricas, através desses arranjos buscaram se manter ou adquirir estatus. Os enlaces matrimoniais aconteciam na sua maioria sem sentimento algum. Muitas mulheres só conheceram o marido no dia do casamento sendo que a beleza não era requisito para que o homem a cortejasse, porém o dote oferecido pela família da jovem era fator primordial para que houvesse a corte.
As moças eram instruídas desde cedo para o casamento, pois deveriam tornar-se “devotas” a seus maridos e boas mães.
Havia uma vigilância constante para com essas jovens com o intuito de preservar a castidade e consequentemente o nome da família. Dentro dos conceitos da época a virgindade feminina era algo primordial.
No sertão nordestino o casamento era visto com preocupação por não haver muitas famílias abastardas. A procura por um pretendente para a filha dava-se logo depois com sua primeira menstruação. O enxoval começava a ser confeccionado com isso crescia uma grande angustia por parte da família e da jovem, receosos de não conseguir o tão sonhado casamento, muitas moças não conseguiam parceiros a altura ou não possuíam dotes para o casamento, permanecendo solteiras sendo alvo de chacotas. Apos os 25 anos a mulher que não conseguisse pretendente era considerada velha para constituir o matrimonio. Rotulada como “moça velha”, moça que tinha dado o tiro na macaca ou que havia chegado ao caritó. (FALCI, 2008).
Não é difícil imaginar quão tensos foram os anos que antecederam os casamentos. A aflição da moça diante dos acontecimentos era tão grande que as perguntas eram constantes: Será que conseguiriam um casamento?O dote seria suficiente para atrair um bom moço? As indagações eram muitas, porém as respostas só eram dadas pelo tempo e pelos esforços familiares e de cada moça que não queriam ser rotuladas e nem apontadas pela sociedade.
O casamento só deveria acontecer com a permissão dos pais, porém muitas moças casavam sem esse consentimento sendo deserdadas por se unirem em matrimonio àqueles que haviam conquistado seu coração.
A solução que algumas jovens encontraram para obterem a benção da família para o namoro desejado foi “rapto consentindo”.Tudo era combinado,a moça era conduzida a alguém importante da cidade ou da região, como o juiz ou pessoas de laços familiar com o rapaz.Nem sempre acontecia de ter relações sexuais entre os enamorados .
A família da moça era avisada e o rapaz colocado contra parede não havendo alternativas para a desistência do ato matrimonial, caso contrario a reputação da família estaria ameaçada, pois a moça se tornaria “mulher perdida”.
É exatamente nesse contexto que torna possível a visibilidade da reação feminina contra as regras impostas pela sociedade. Os protestos se deram de varias formas, as que enfrentaram a família em nome de um amor, desafiando não apenas a autoridade patriarcal mais todo um sistema que por conseqüência poderia discriminá-la, excluindo-a do convívio social em nome da “moral inabalável”.
As tensões não se davam apenas nas expectativas pré-matrimonial. Muitos casamentos trouxeram a infelicidade, devido o tratamento que a esposa recebia de seu conjugue. A violência física era comum em muitos lares, levando em conta que algumas mulheres foram violentadas sexualmente por seus maridos. Não havia espaço para afinidade sexual. Proibida de desfrutar dos prazeres da vida sexual, somente “mulheres de vida fácil”, podiam dar e receber prazer.
As vestes femininas diziam muito de cada mulher, e essas variavam de região para região. Mulheres da elite nordestina usavam de simplicidade, trajando-se de forma a não chamar atenção, principalmente dos homens. Com roupas muito bem compostas e não abusava nos acessórios. Através desse perfil pode-se notar que a beleza externa não era prioridade na vida das mulheres nordestinas. Ao contrario dos dias atuais os padrões de beleza passavam bem longe do corpo magérrimo sem qualquer gordurinha. Na verdade, tal condição desqualificava sua imagem. Sinônimos de formosura estavam nos quilinhos a mais.
Miridam Knox Falci, chama à atenção as atividades que as mulheres desenvolviam:

“Eram treinadas para desempenhar o papel de mãe e as chamadas “prendas domésticas” orientar os filhos, fazer ou mandar fazer a conzinha, costurar e bordar. Outras, menos afortunadas, ou de uma elite empobrecida faziam doces por encomenda, arranjos de flores, bordados a crivo, davam aulas de piano e solfejo, e assim puderam ajudar no sustento e na educação da numerosa prole”.
[4]

Dentro da elite, havia divisões de classes, mulheres mais abastadas não desempenhavam atividades domésticas, estando sujeitas ao ócio. As que por algum motivo precisava desempenhar tais atividades, não eram bem vistas diante da sociedade que as discriminavam por concluírem que o homem da casa não era capaz de sustentar o próprio lar.
Durante muito tempo as mulheres se viram excluídas do meio escolar. Quando crianças lhes eram negadas o estudo das ciências, geométricas entre outros lhes passando apenas os conhecimentos básicos tais como escrita, leitura e as principais operações matemáticas. A maioria mal aprendia assinar o nome, enquanto os rapazes se aprofundavam nos estudos e eram enviados a escolas de outras localidades. Às moças eram ensinados a costurar, bordar, cozinhas e quaisquer afazeres designados femininos. Essa realidade poderia ser notada em varias regiões como enfatiza Miridan Kinox Falci no sertão nordestino:

“Apenas 27.776 pessoas da província de um total de 202.22 habitantes eram alfabetizadas, e dessas 27, pouco mais de 10 mil eram mulheres”.
[5]

Porém nas ultimas décadas do século XIX a situação em relação ao âmbito escolar e o acesso feminino começa a mudar. Crescia a necessidade da educação às mulheres. Acreditava-se que com instrução a função de cuidar da educação dos filhos de forma correta estaria garantida mantendo fora do lar toda influencia capaz de corromper o pilar familiar.
A formação estaria ligada à vida religiosa. Escolas católicas eram responsáveis pela educação das moças afim de que elas adotassem a figura da Virgem Maria como exemplo de vida:

“Através do símbolo mariano se apelava tanto para sagrada missão da maternidade quanto para a manutenção da pureza feminina”.
[6]

Através do referencial imposto buscava-se a atenção das mulheres quanto ao pudor, deveres como cuidar do lar, almejando ser o que a igreja e a sociedade definiam como a “perfeição feminina”.
Aos poucos a subordinação dá espaço às conquistas por meio da participação nas escolas normais, agora não apenas como alunos, mas como professoras.
Com a urbanização e industrialização outras alternativas de emprego foram surgindo e muitos homens abandonaram as salas de aulas. As mulheres passaram a ser maioria no magistério sendo cada vez mais responsáveis pela educação, agora não apenas dos seus filhos, e participantes de atividades docentes contribuindo para o desenvolvimento social das famílias. A maternidade foi fator de importante contribuição para a conquista deste espaço. Conquanto, nem todos concordaram com as novas transformações que implicaram as modificações nos costumes da sociedade. Mesmo sob influencia da Revolução Francesa onde a figura feminina possa ser redefinida, muitos insistiam em Avelar - se diante das mudanças.
Para Norma Teles a mulher ainda estará nos bastidores das obras. Contudo é preciso ressaltar que foi a partir dessa época que um número significativo de mulheres começou a escrever e publicar livros, inclusive no Brasil, ressaltando a negação que era atribuída às mesmas quando se referia à educação superior. É certo que, essas obras são criticas a posição da sociedade diante das virtudes femininas, um desabafo que quebra o silêncio, tingindo papel com sentimentos antes adormecidos na alma, daquelas que durante muito tempo estiveram acorrentados ao próprio medo.
Com a integração da mulher no meio literário almejava-se a ruptura com as relações de negação do se eu e suas possibilidades que giravam em torno de sua ascensão, é por esses e outros aspectos que Norma Telles afima que:
“cria um circulo vicioso: como não tem instrução, não está apta a participar da vida publica e não recebe instrução por que não participa dela”.
[7]

Os trabalhos escritos por mulheres do século XIX sofreram represarias durante muito tempo, não eram reconhecidos nem valorizados como mereciam. Mas eram neles que elas depositavam todos os seus anseios, na esperança de alcançarem outros adeptos, a fim de formar uma corrente que pudesse conquistar mais elos, fortificando-se diante da sólida nação preconceituosa.
Foi na escrita que mulheres conseguiram expressar seus sentimentos, através de romances e outras literaturas tentavam tirar a imagem da mulher voltada para o lar e as vontades do marido. Elas agora apresentavam uma figura mais forte, com determinações e protagonizavam heroínas, amavam e eram amadas. Houve também as que se arriscaram em volver seus escritos na política . Muitas surgiram nesse meio, onde ao lado de abolicionistas defenderam o fim da escravidão, fazendo discursos em praça publica e escrevendo artigo em jornais sobre o direito de libertos. (TELLES, 2008).
A ousadia podia comprometer a reputação de toda família, mais para elas significava o primeiro passo para a vitória na batalha por dignidade, aceitação e participação dentro do meio de convívio. Era a tão sonhada inclusão almejada por suas antecessoras e a abertura para um novo mundo que décadas mais tarde possibilitou o ingresso feminino na vida publica.
O processo de inclusão feminina aparti não foi do século XIX, não foi, portanto algo linear e homogêneo. A transformação dos costumes não se deu forma espontânea, foi preciso passar.























REFERENCIAS:


DEL PRIORE, Mary. História do amor no Brasil. São Paulo: Contexto, 2005.

D`INCAO, Maria Ângela. Mulher e família burguesa. In: Del Priore, Marry (org.). História das mulheres no Brasil. 9° ed. São Paulo: Contexto, 2008.

FALCI, Miridan Knox. Mulheres do sertão nordestino. In: Del Priore, Marry (org.). História das mulheres no Brasil. 9° ed. São Paulo: Contexto, 2008.

LOURO, Guacira Lopes. Mulheres na sala de aula. In: Del Priore, Marry (org.). História das mulheres no Brasil. 9° ed. São Paulo: Contexto, 2008.

TELLES, Norma. Escritoras, escritas, escrituras. In: Del Priore, Marry (org.). História das mulheres no Brasil. 9° ed. São Paulo: Contexto, 2008.

PEDRO, Joana Maria. Mulheres do sul. In: Del Priore, Marry (org.). História das mulheres no Brasil. 9° ed. São Paulo: Contexto, 2008.










[1] Artigo apresentado á disciplina História do Brasil (século XIX), sob orientação da docente Liliane Maria Fernandes Cordeiro Gomes.
[2] Alunas de graduação em História do Departamento de Educação – Campus X/UNEB, Teixeira de Freitas, Bahia.
[3] D`Incao, Mulher e Família Burguesa, p. 223.
[4] Knox, Mulheres do sertão nordestino, p. 249.

[5] Ibidem, p. 251.
[6] Louro, Mulheres na sala de aula, p. 447.
[7] Telles, Escritoras, escritas, escrituras, p. 406.